domingo, dezembro 09, 2007

Sem abrigo!


Já toda a gente tropeçou neles. Às vezes com nojo, quase sempre com desconforto, normalmente com alguma coisa a arranhar até ao fundo da alma!
Mais que deprimente, é chocante o espectáculo da degradação humana socialmente adquirida. Mas se é chocante ver essa gente que bateu no fundo da condição social não é menos emocionante encontrarmos pessoas, homens e mulheres, que já sem condições nem meios, tentam ainda manter um resto de dignidade antes do colapso final. Cruzamo-nos com eles na rua: até passariam desapercebidos não fora o rosto, os olhos espezinhados pela vida e aquela carga insuportavel de miséria e desespero que se lhes adivinha na alma!


Pois é.. e qualquer um de nós já deu de cara com algum sem abrigo, quantos deles não necessitam apenas de um cacau quente e de dois dedos de conversa.. pois é parece facil, especialmente estando nós aqui sentados e aconchegados no nosso lar acolhedor, esquecendo-nos que estes nada têm, a não ser as ruas.. e porque é Natal, e todos nós vamos estar juntos da nossa familias e eles não, porque nós vamos ter comida em cima da mesa e eles não, e principalmente porque nos vais sobrar comida e esta vai para ao lixo, e eles nem sequer a têm para comer, quanto mais pra desperdiçar.. é triste e é verdade!

Por favor, na noite de Natal nem que seja durante apensas 2 minutos, pensem neles, com muita força e desejem que não tenham frio, fome e sede.. que esssa noite durmam bem e com os pés quentinhos :) assim, e conforme as leias da atracção, o nosso calor humano chegue até eles e que eles mesmo nao passando uma noite feliz, passem uma noite um pouco agradavel :)


sexta-feira, setembro 21, 2007

A um ausente..



Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompestee

sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescênciade

viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação

até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave

do que o ato sem continuação, o ato em si,

o ato que não ousamos nem sabemos ousar

porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,

simples apertar de mãos, nem isso, voz

modulando sílabas conhecidas e banais

que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste

o não previsto nas leis da amizade e da natureza

nem nos deixaste sequer o direito de indagar

porque o fizeste, porque te foste.


sábado, junho 02, 2007

Paciência


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
A vida não pára...
E quando o tempo acelera e pede pressa
Eu recuso, faço hora e vou na valsa,
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo espera a cura do mal,
E a loucura finge que isso é normal,
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando cada vez nais veloz,
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo que lhe falta pra perceber,
Será que temos esse tempo pra perder,
E quem quer saber?!
A vida é tão rara... tão rara...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
A vida não pára...
A vida não pára nao...
Será que é tempo que lhe falta pra perceber,
Será que temos esse tempo pra perder,
E quem quer saber?!
A vida é tão rara... tão rara...
A vida é tão rara.

sexta-feira, abril 27, 2007

A pedra..

(..) A pedra está aí. O distraido tropeçou nela, o violento usa-a como prejéctil, o empreendedor constrói com ela, o caminhante usa-a para se sentar quando está cansado. Para as crianças, é um brinquedo, Drumond fez dela um poema, David usou-a para matar Golias e Miguel Ângelo tirou dela a mais bela das esculturas. Em todos estes casos, a diferença não estava na pedra, mas na pessoa.
Miguel A.S.Guerra

sexta-feira, abril 06, 2007

«»

'Seja qual for o assunto que se discute, o que torna o diálogo difícil é mais aquilo que não conseguimos dizer do que aquilo que fica dito..'

quarta-feira, abril 04, 2007

~

'all of the things that i want to say
just aren't coming out right
i'm tripping in words
you got my head spinning
i don't know where to go from here'


and i don't know why, i can't keep my eyes off of you..

terça-feira, março 06, 2007

Viver não dói


Definitivo, como tudo o que é simples. A nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos porquê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque o nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque a nossa mãe é impaciente connosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciar-lhe as nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.


Carlos Drummond de Andrade


[sim.. isto está assim meio abrazileirado mas a ideia está lá..enjoy ;) ]